sexta-feira, 19 de janeiro de 2018



Relato de uma mãe com uma filha com retardo mental moderado


Minha luta começou na idade escolar, primeiro escolinhas particulares, onde sempre procurei estar presente em todas as atividades da escola pedindo aos professores que a incluíssem em todas as atividades, não tive muitos problemas nas escolinhas particulares, crianças são sempre muito receptivas, alguns pais por não ter conhecimento ou porque não queriam procurar tal orientação sobre crianças especiais passei sim por vários problemas, mas que sempre foram sanados. Os problemas entre aspas maiores foi ao ingressar no ensino fundamental regular, as escolas estaduais por insegurança e despreparo de alguns professores sentia muita preocupação, por serem turmas grandes de mais de 20 alunos, os coleguinhas interagiam tranquilamente com ela mas sempre sentia muita insegurança em relação aos professores com a aprendizagem dela, mas com o tempo fomos vendo que a socialização dela era mais importante que a aprendizagem por se tratar de uma menina especial. 

Os problemas aumentaram nas séries finais por ter troca de professores, mas encontrei professores dedicados que procuraram estudar sobre o caso dela, levar novidades para incluí-la mas atividades propostas de cada disciplina, sei que não é fácil um aluno especial mas acredito que temos que correr sempre atrás de formação pois cada vez mais aumenta os casos de alunos especiais nas escolas regulares ou privadas. Chegou o final do ensino fundamental, ela fez sua sonhada formatura onde convidou todos os seus colegas e professores, amou tirou várias fotos, encerramos esse ciclo, sem mágoas.

Ensino médio outra batalha, matriculei ela na escolas que seus colegas estavam, mas senti que ficou muito perdida, eles os colegas, então mais isolados cada um com seus ideais dentro de sua idade, senti que os meninos por amadurecerem mais tarde são mais receptivos com ela começou que a mesma não estava tão empolgada de ir a escola, estava sempre dando uma desculpa, conversei com ela e perguntei se gostaria de visitar a APAE da cidade. Aceitou e fomos, este ano que passou frequentou 3 vezes na semana aulas de expressão corporal, culinária, pintura e dança sendo a que mais se identifica. 

A luta da inclusão não é fácil para nenhuma família, mas estamos todos trabalhando para que o processo da inclusão não se torne exclusão muitas vezes por ignorância de alguns. Quero deixar claro que a minha filha, durante toda sua caminhada pedagógica passou por salas de apoio em turno inverso, professoras com formação em classe especial que me ajudaram de alguma forma a passar por todo esse processo. 

Todas as pessoas são especiais, porque Deus coloca-as em nossas vidas para que cada uma delas ensine com um certo jeito de viver, cada pessoa tem seu significado próprio para os outros.”

Relato de Joceane Aparecida de Vasconcelos Amaral

 

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