segunda-feira, 22 de janeiro de 2018




Inclusão na Educação Infantil


No ano de 2009 tive uma turma de Educação Infantil de crianças entre 2 a 3 anos de idade, em uma escola privada de Bagé, e foi com essa turma que aprendi a amar a Educação Inclusiva. 

Recebi uma dupla de irmãos gêmeos, cujo diagnóstico de Autismo se deu naquele mesmo ano, através de minhas observações e conversas com a mãe. Logo no primeiro dia de aula percebi as características de Autismo, sendo que o período de adaptação dos irmãos eram em horários diferentes. A partir daí começou minha paixão e amor por eles e até hoje não consigo explicar o que sinto por essa duplinha que hoje está no Ensino Fundamental da Rede Municipal de Ensino de Bagé, pois vivemos momentos muito intensos de troca, conhecimentos e muitos desafios. Foi por eles que fiz a Especialização em Educação Especial e AEE, para poder entendê-los melhor e ajudá-los mais. A turma era maravilhosa, ajudavam os colegas e a mim. Ambos não podiam perceber que estavam entrando na sala de aula nem tampouco, após estar dentro da sala, enxergar a porta sendo fechada. Para isso, foram realizadas várias estratégias, e uma delas, a mais eficaz com aluno ML era entrar com ele no colo, de costas para a porta, cantando e pulando. Mas antes, era necessário observar as demais salas de aula, também cantarolando canções de sua preferência ao “pé do ouvido”. Já em aula, ele gostava muito do fantoche de lobo que eu utilizava nas rodas de conversa. Então quando eu mudava a entonação de voz fazendo parecer o lobo, chamando por seu nome e o convidando a participar, logo se abria um sorrisão naquele rostinho e ele deitava no meu colo observando os movimentos do fantoche. Também conseguíamos chamá-lo à roda, cantando a música da Barata (...a barata diz que tem sete saias de filó…), nesse momento ML ia correndo para o tapete ao nosso encontro. O irmão PL era mais sério e não apreciava muito o toque, também gostava de dar umas mordidas e tapas na professora aqui. Gostava de ficar observando imagens de caixas de brinquedos e livros. Ficava um bom tempo olhando fixamente para as ilustrações. Assim como o irmão, apreciava música e memorizava a sequência das mesmas no Cd. Quando trocávamos esta sequência, deixando de tocar alguma delas, ele se aproximava do som, gritava e chorava em apelo. Claro que foram depois de algumas situações dessas que pude entender o que estava acontecendo. 

Bem, se eu fosse relatar tudo o que aconteceu naquele ano faltaria espaço, mas posso dizer que lutei para que a inclusão acontecesse de fato, briguei e pedi ajuda às mães que podiam a nos acompanhar nos passeios para que nem eles nem a turma deixassem de participar das atividades da escola. Aprendi tanto com aqueles meninos tão pequenininhos mas com uma lição enorme a nos dar enquanto profissionais da Educação e seres humanos.

Relato de Simôni Deble Monteiro


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